terça-feira, 30 de setembro de 2008

Um mundo fantástico na tarde da Paula....


Segunda feira a tarde, um calor de matar... o cansaço de vida e do final de semana agitado.
Pela manhã, recebo um telefonema, de que a médica que eu só havia conseguido vaga para o final do outro mês, teria vaga, ás 15:30 de hoje(melhor, de ontem). Até aí ótimo, se eu não tivesse outra consulta as 18:30, do outro lado da cidade... Começo minhas interminaveis contas do tempo e a pesquisa de linhasde ônibus. - Paula, essa sua coisa de andar a pé e de ônibus me cansa! Juro! - digo para mim mesma... chego á conclusão de que não terei tempo de voltar ao trabalho antes de ir a outra consulta. Me conformo e me preocupo. Depois agradeço pelo meu trabalho e minha gerente bacana.
Médico... Que preguiça!Lá vai a Paula, pegar ônibus, ir nas consultas, sem saber o que me esperava.
Primeira consulta, sala de espera, chamam pelo nome da minha mãe (hã?). Mais uma vez... Como sei que não existe no mundo mais de uma Christine Pfrimer, falo com a secretaria: - Olha, a Christine é minha mãe, acho que você leu errado no cartão...Meu plano de saúde é pela empresa dela, eu sou dependente, e blá blá blá. Todo um processo. Situação resolvida, na TV notícias de ultima hora: O pacote de salvação dos EUA, foi vetado. Eu penso: Me fudi! (com o perdão da palavra). As ações vão cair até o inferno e meu dinheiro vai virar pó... desespero momentaneo. Bom, o que não tem remédio, remediado está... E realmente, depois descobri que a coisa não foi tão mal assim.
Consulta terminada, ando alguns quarteirões a pé, sem pensar em absolutamente nada. Sol escaldante. Ônibus rumo ao centro da cidade... vou observando tudo e todos. Ali perto de mim, um senhor com cara de doido balbuciando algumas palavras. Deixo pra lá. Mais uma vez a dúvida: Paro em um ponto de onibus no inicio do centro para ir pensando na vida, vendo as coisas enquanto ando, ou paro perto da tal clinica? Parei perto. Fui andando, mas não achava o lugar! Pelo menos estava adiantada mais de uma hora... Achei a tal clinica, descobri que a consulta iria atrasar, achei uma casinha bacana com algumas "kitnets" para alugar e pensei: "E agora o que eu faço?". Eu que sempre me diverti batendo perna no centro, conversava com todo mundo, não sabia o que fazer naquela uma hora "livre", numa tarde de segunda-feira (quanto tempo isso não me acontecia)! E devo confessar: eu que nunca tive medo de nada, estava com um pouquinho de medo...
Fui andar! Ficar parada que não iria... Avenida Goiàs... Bela como nunca... Todas aquelas arvores, cores, coisas, gentes... senti-me em casa. Resolvi telefonar para um grande amigo das antigas, o Pedro, que é ser do Centro da cidade. Por um milagre consegui falar com ele, mas não pudemos encontrar (ele estava do outro lado da cidade). Menos mal, seria bom ficar um pouco comigo mesma. Fiz uma coisa que não fazia há tempo: sentei numa das lanchonetes que ficam na calçada e comi um dos deliciosos e nojentos salgados típicos de centro de cidades... Nunca vi algo assado pingar tanto óleo... Da-lhe "falso" Ketchup e molho de pimenta... Delícia! Estomago doendo, como haveria de ser... Faltou a Coca-cola de garrafa (não posso mais tomar refrigerantes. O motivo, digo depois), tomei água de Coco, delícia novamente... Penso na vida... Sigo andando... Sebo: livros e discos antigos... viro a esquina, as coisas se aceleram como num filme: um apartamento de primeiro andar para vender, com jeito de muita poeira e histórias... São as pessoas na sala de jantar... 5 da tarde, um boteco, pessoas estranhas sentadas, um homem com pinta de "Latin lover" acendendo um cigarro barato, um cara na cadeira de rodas com jeitão de hippie correndo entre os carros e gritando coisas que não entendi, musica estranha tocando ao fundo, atravesso a rua, uma loja de ervas, um casal de velhinhos, bem velhinhos mesmo, andando a passos arrastados, pesados e lentos, de mãos dadas, sorrindo, como se o tempo tivesse parado para eles. Mais pessoas estranhas. Chego em frente á clinica... Meu Deus! Parecia que via minha vida passando em uma televisão velha abandonada na calçada.. Aqueles momentos tão surreais. E mais uma vez tenho certeza: meu sangue corre entre o mato e o centro "psicodelico" de algumas cidades (prefiro que esse último seja raro e o primeiro frequente... mas não deixo de gostar). Não me sinto feliz nem triste... mas tenho um pouquinho mais de paz. Ando ansiosa... tantas coisas para pensar e fazer... uma tristeza ás vezes leve, outras não.. mas isso não vem ao caso... vou á minha consulta e volto para casa... dá uma saudade do Centro do Rio de Janeiro, de São Paulo, e meus dias de Brasília...
Chego no Setor Bueno, o caos e o desespero... Uma gordinha de micro-shorts estampado, cantando no ponto de ônibus, do outro lado da rua... Uma outra gordinha simpática entra no ônibus sorrindo e falando "Boa noite" para o motorista emburrado... Ele arranca e freia, ela cai.. E ainda pede desculpas a ele, que calado fica! Meu Deus... mais alguns metros, carros, gente e caos, chego em casa... alguns segundos pensando na vida, caio na minha cama e apago... vontade não acordar tão cedo...

2 comentários:

Joyce Pfrimer disse...

é como se eu estivesse vendo! Gostei muito da descrição!

há qt tempo eu não tenho uma horinha como essa...saudade de poder observar o mundo assim...

=*

Christine Pfrimer disse...

Filha, ler a sua descrição, foi como se eu estivesse passado a tarde com você, adoro sua companhia; SAUDADES.